domingo, 15 de janeiro de 2012

A polêmica do exame Dosagem de PSA.


Em outubro de 2011 a agência norte-americana não governamental US Preventive Services Task Force publicou uma atualização de suas diretrizes para o rastreamento do câncer de próstata nos Estados Unidos em que conclui que o rastreamento do câncer de próstata através da dosagem do PSA expõe o paciente a um maior risco que a própria doença. Este estudo tem sido intensamente contestado por especialistas em todo o mundo visto que apresenta  falhas evidentes em sua metodologia. Apesar de sua repercussão, este estudo não pode mudar a conduta até então vigente de rastreamento do câncer de próstata como discutimos abaixo.


Este estudo teve repercussões imediatas nos Estados Unidos, tendo sido mal recebido pela maioria das sociedades médicas. A polêmica se estendeu para a sociedade quando, baseados neste estudo alguns planos de saúde passaram a contestar o pagamento pela dosagem do PSA. Em dezembro último esta polêmica chegou a toda a sociedade do nosso país através de vários artigos na imprensa leiga.

Após ler cuidadosamente o documento da USPSTF e vários artigos a ele relacionados podemos identificar grande número de falhas da metologia que permitiram sua conclusão, o que tem mantido a agência e os autores do estudo sob fogo cerrado. Apesar disto os autores defendem seu ponto de vista.

Considero que a ciência só avança se houver contestação do status atual. Desde as primeiras pesquisas todos os médicos sabem que o PSA não é específico para o câncer de próstata por isto não deve ser usado como método isolado de rastreamento do câncer de próstata e tem melhores resultados quando avaliado por um especialista, mas não podemos deixar de citar vários autores que no passado definiram o PSA como o "mais bem sucedido marcador tumoral já utilizado". 

O tratamento do câncer de próstata pode ser dividido em duas fases: Antes e depois do PSA. O rastreamento do câncer de próstata foi instituído em 1987 com o uso do PSA e toque. Desde então observou-se uma importante redução na mortalidade e morbidade da doença em todos os países que adotaram o rastreamento. De fato, este rastreamento permitiu também o aprimoramento das técnicas de tratamento do câncer de próstata visto que os pacientes passaram a ser diagnosticados enquanto a doença está restrita à próstata, permitindo cirurgia radical curativa e também tratamentos mais localizados como braquiterapia, termoterapia e radioterapia conformacional. Atualmente existem grupos pesquisando a prostatectomia parcial em que a glândula não seria retirada por completo mas sim apenas a área atingida pelo tumor. Esta é sem dúvida uma fronteira interessante de pesquisa e dependente de exames de imagem mais precisos e, principalmente, pesquisa árdua.

Finalmente, o documento da USPSTF não pode ser o motivo isolado para que abandonemos 25 anos de rastreamento do câncer de próstata. Devemos aguardar novos estudos que elucidem esta controvérsia e as falhas do estudo da USPSTF devem ser evidenciadas. Decisões precipitadas de abandono dos testes de PSA podem ter efeito devastador visto que o câncer de próstata é, desde a década de 90 o tumor mais frequente em homens depois dos tumores da pele.


Dr. Alex Santos
Urologista
Av. Solimões 108, primeiro andar.
B. Brasiléia, Betim, MG
Tel: (31) 3594-5940.






sábado, 14 de janeiro de 2012

Estréia

Sejam bem vindos, este é o meu post de estréia. Sou Urologista e dedico este espaço para discutir e repercutir temas do dia a dia do consultório bem como notícias de interesse em linguagem acessível. Não é objetivo deste espaço a discussão aprofundada de temas científicos pois isto o tornaria hermético e inacessível a seu público alvo.

É importante deixar claro que as informações aqui divulgadas não substituem a consulta médica e não podem ser interpretadas como prescrição ou orientação médicas que são o resultado de uma consulta médica formal.

Sejam bem vindos!

Dr. Alex Santos
Urologista
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